Como Ser Alguém Que Todos Fazem Questão de Ouvir

Você pode até não concordar (ainda), mas a nossa voz é um dos instrumentos mais poderosos que temos.

Quantas coisas podemos conquistar na vida usando o poder da nossa linguagem?

Não apenas a linguagem verbal, é claro, como também a linguagem corporal. Afinal, o nosso corpo também tem uma voz própria que pode e deve ser usada para tornar nossa fala mais interessante e persuasiva.

Despertar interesse nas pessoas e ser ouvido envolve reconhecer esse poder que temos em relação ao mundo.

A voz é mesmo uma ferramenta poderosa. Ela pode iniciar uma guerra ou selar a paz. Tudo depende de como a utilizamos e quais os nossos objetivos quando a utilizamos.

Mas por que, com tanto poder, nem todas as vozes são ouvidas? Não são todas as vozes que nos interessam, não é mesmo?

Você, provavelmente, tem essa consciência. Nem todos nós estamos dispostos a ouvir todas as pessoas. A verdade é que, em muitos casos, nós não queremos ouvir o outro. Nem tudo o que existe no mundo é interessante o suficiente para despertar a nossa atenção.

E você? Consegue atrair a atenção das outras pessoas com a sua voz?

Essa é uma pergunta interessante que todas as pessoas que estão em um cargo de liderança deveriam se ocupar em responder.

 

Como despertar interesse e ser ouvido

É muito comum que as pessoas se queixem de que falam, mas nunca são ouvidas.

Até mesmo você, líder, já deve ter se identificado com essa situação de não despertar o interesse que você precisava. Isso é mais comum do que se imagina.

Embora essa seja uma falha de comunicação que pode ser revertida a curto prazo, o fato é que muitos líderes não encontram as soluções necessárias para despertar o interesse dos outros e ser ouvido por eles.

Mas por que isso acontece?

Como podemos usar a nossa voz para falar ao mundo e ele nos retribuir com sua atenção?

Como usar a nossa voz para mudar a nossa realidade e a do outro?

Como ser aquele que os outros fazem questão de ouvir?

O primeiro passo a ser feito, nesse caso, é abandonar hábitos que são tóxicos e fazem qualquer pessoa perder o interesse:

 

Não faça comentários ofensivos a outra pessoa quando ela não estiver presente

O velho hábito da fofoca que, como sempre, joga contra o fofoqueiro.

Ao contrário do que pensa uma boa parte das pessoas, não é tão difícil reconhecer um fofoqueiro.

A pessoa que dissemina fofoca dificilmente se comunica com sinceridade em qualquer situação. Essa pessoa, normalmente recorre a trejeitos para disfarçar a sua falta de naturalidade. Isso é gritante. Em curto prazo o que ela tem a dizer se torna irrelevante.

Além disso, as pessoas ao redor percebem que, mais cedo ou mais tarde, irão se tornar alvo das fofocas, tornando a voz do fofoqueiro ainda mais irrelevante.

 

Não faça julgamentos precipitados

Se em uma conversa, você frequentemente interrompe a outra pessoa para julgar alguma atitude que ela tenha exposto, a conversa seguirá para o caminho errado. Invariavelmente.

As pessoas não estão dispostas a ouvir quem costuma fazer julgamentos precipitados sobre uma situação. Isso afasta as pessoas.

Embora o julgamento seja um ato natural do ser humano, nem sempre ele precisa ser traduzido em palavras. É preciso ser cauteloso.

E o mais importante: é preciso saber se o seu julgamento vai agregar à conversa e ajudar ambos a chegar aonde querem. Uma opinião que não é bem-vinda pode causar sérios prejuízos.

 

Não exponha negatividade em excesso

Infelizmente, não é possível ter pleno controle sobre a invasão de pensamentos negativos em nossas mentes. Porém, podemos filtrar quais deles vamos compartilhar com os outros – se é que vamos.

Libertar-se do estresse de um contexto em desabafo é normal. Porém, dedicar-se a isso em todas as suas oportunidades de fala é um grande erro. Ser interessante não tem a ver com ser uma pessoa que sempre vê o copo meio vazio.

É simplesmente muito chato escutar alguém reclamar por horas. Mesmo assim, a quantidade de pessoas que faz isso só aumenta.

Tome cuidado. Ninguém fará questão de parar o que está fazendo para ouvir uma voz que só reclama.

 

Assuma responsabilidades

Não é incomum encontrar pessoas que jamais estão dispostas a assumir responsabilidades ou reconhecer erros.

Pedir desculpas é um pesadelo para muita gente. Por mais redundante que seja, aquilo que ouvimos desde criança dos nossos pais ainda é (e sempre será) verdade: apontar o dedo é fácil; olhar para o próprio umbigo, nem tanto.

Quem nunca tem a coragem para tomar a frente quando necessário, para reconhecer seus pontos fracos, ou quem nunca tem a humildade de pedir desculpas, dificilmente vai ser alguém que os outros fazem questão de parar para ouvir.

 

Evite os exageros

Aquele que sempre “aumenta o tamanho do peixe” nas suas histórias, perde a credibilidade num piscar de olhos.

O mesmo vale para quem levanta a voz por pouca coisa, entra em pânico 3 vezes por dia, ou usa palavras ridiculamente rebuscadas no contexto errado.

Com certeza esse item é o mais fácil de colocar em prática. Basta não tornar o exagero uma rotina.

 

A sua opinião não é uma verdade absoluta

Está aqui um erro que surge principalmente no âmbito da persuasão.

Antes de seguir, um breve parênteses: passei os últimos anos da minha vida dedicado à entender o fenômeno da persuasão. Mais do que isso, dedicado à disseminá-lo para o maior número de pessoas possível e, com isso, ajudar vendedores a venderem mais, negociadores a negociar melhor, líderes a liderar melhor, negócios a prosperarem cada vez mais.

Mas, às vezes, nós simplesmente estamos errados. Isso acontece muito mais vezes do que imaginamos.

Às vezes a habilidade de persuasão faz com que uma ideia errada siga adiante e seja executada, causando um resultado desastroso. Não é só por que podemos persuadir, que deveríamos persuadir.

Às vezes, a melhor solução do mundo está com alguém que tem uma péssima comunicação.

Um diálogo pressupõe uma construção de ideias. Uma verdade absoluta encerraria qualquer possibilidade de construção de discurso. Afinal, ela é cristalizada, sem espaço para o debate.

Para ser ouvido pelas pessoas, é preciso que você reconheça o lugar de fala delas e as opiniões que elas carregam. A sua opinião pode até ser diferente, mas isso não lhe torna menos interessante.

O nível de interesse que os outros tem em lhe ouvir depende muito da sua capacidade de receber diferentes opiniões sem diminuir ou superestimar a sua própria.

 

Diga o que os outros querem e precisam ouvir

Um discurso realmente interessante consegue combinar o que as pessoas querem ouvir com aquilo que elas precisam ouvir.

Eu entendo. Normalmente não é tão fácil dizer o que o outro precisa ouvir. Você tem que realmente se importar com ele para fazer do jeito certo.

Não estou falando em dar feedback “construtivo”. É muito mais do que isso. É torcer, de fato, para que o outro dê certo no que está tentando conseguir. Dizer algo que deixe ele mais próximo do seu objetivo. Não apenas apontar os erros.

Isso lhe torna muito interessante.

Por fim, podemos resumir todas as virtudes que compõe uma pessoa interessante de se ouvir nas seguintes qualidades:

  • Transparência: falar com boas intenções e com a liberdade de não ter nada a esconder.
  • Autenticidade: não criar personagens e não tentar ser alguém que não é.
  • Integridade: falar só no que acredita.

E por fim, mas não menos importante:

  • Entusiasmo

O entusiasmo é a vontade de falar. É muito fácil perceber alguém que fala com entusiamo. Seja assim.

O entusiasmo com a própria fala não significa que você deve falar em um tom de voz mais alto. Significa colocar energia no seu discurso; usar linguagem corporal.

Se você consegue fazer isso, as pessoas perceberão. E assim, as suas chances de despertar o interesse delas aumentarão consideravelmente.

Aplicando essas técnicas, ser ouvido se tornará uma tarefa muito mais fácil para você.

3 Comments

  1. Alessandro D Rodrigues

    Ótimo!

  2. Cleonice Souza

    Excelente! Parabéns

  3. Libert Dário

    Essencial para a boa comunicação!

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